Questão
TJ/RS - Concurso para Juiz de Direito Substituto - 2012
Org.: TJ/RS - Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
Disciplina: Direito Administrativo
Questão N°: 007

clique aqui e responda esta questão
Enunciado Nº 000302

Para que o Poder Judiciário garanta os direitos e realize a justiça é necessário que ele seja materialmente bem aparelhado, mas isso apenas não é suficiente, sendo extremamente relevante que os juízes tenham preparo e sejam conscientes de suas responsabilidades. Mas além disso tudo e como requisito prévio essencial é indispensável que a magistratura seja independente. (DALLARI, Dalmo de Abreu. O Poder dos Juízes. São Paulo: Editora Saraiva, 1996, p. 44)


Considerando esta importante questão, discorra sobre o seguinte tema: A Magistratura: independência, deveres funcionais e o regime de responsabilidades civil e penal.

Resposta Nº 001755 por Anna Elisa Maas Brandt Media: 9.25 de 8 Avaliações


Com a evolução histórica dos modelos de Estado (Liberal, Social e Democrático de Direito), o papel do magistrado foi aperfeiçoado, na medida em que de "boca da lei", passou a ser instrumento do acesso a direitos e garantias constitucionais pelos indivíduos. Em face deste importante papel na sociedade, torna-se necessária a independência do Poder Judiciário que não pode ser compelido diante da ingerência dos outros Poderes.

Nessa senda, o magistrado ao implementar a fruição de direitos constitucionais, por vezes, acarreta impacto no orçamento do Poder Executivo. Caso não houvesse a independência entre os Poderes, facilmente o Poder Executivo poderia coibir a liberdade dos juízes. É por essa razão que a Constituição Federal, em seu artigo 99, consagrou a independência administrativa e financeira do Poder Judiciário. Ademais, o artigo 98, § 2º da Lei Maior, garante parte do orçamento do Poder, ao dipor que as custas e emolumentos serão destinados, exclusivamente, ao custeio das atividades jurisdicionais.

De outra parte, no intuito de garantir a plena prestação jurisdicional, a Carta Magna, bem como leis infraconstitucionais, estabelecem uma série de deveres a serem observados e cumpridos pelos juízes. Dentre tais deveres, pode-se citar, residir na Comarca em que atua, motivação das decisões, a vedação do "non liquet" e o tratamento com urbanidade das partes. 

O Novo Código de Processo Civil, em seu artigo 139, ao dispor sobre os deveres do juiz, instituiu novas regras a serem observadas pelo magistrado, além daquelas já dispostas no Código anterior. Nesse diapasão, para parcela da doutrina, esses novos deveres já estavam subentendidos no Código anterior. A grande inovação se deu em relação ao inciso VI do artigo supramencionado, segundo o qual o juiz poderá dilatar prazos processuais, bem como inverter o ônus da prova, de acordo com o caso concreto (manifestando-se, no caso, o princípio da cooperação). Nessa seara de inovações, o Código em comento, também inovou nos seus artigos 10º e 12, ao vedar decisões surpresa e exigir a prestação jurisdicional em uma ordem cronológica.

No que tange à responsabilidade do juiz, há a tripla responsabilidade: civil, penal e administrativa. O artigo 143 do Novo Código de Processo Civil estabelece a responsabilidade civil do magistrado, não abrangendo sua atuação culposa. Dessa forma, caso o indivíduo seja prejudicado por alguma decisão judicial, deverá buscar reparação diretamente do Estado (nos termos do artigo 37, § 6º da Constituição Federal), após, em ação regressiva, o Estado demandará o magistrado que só será responsabilizado se tiver atuado com dolo.

Consoante à responsabilidade administrativa, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, no artigo 42, estabelece formas de punição ao juiz que não observar seus deveres funcionais. Cumpre consignar que a atividade do magistrado é fiscalizada pelo Corregedor do Tribunal ao qual está vinculado.

Em relação à responsabilidade penal, o magistrado está sujeito a ela como todos os indivíduos. No entanto, por ser funcionário público, torna-se sujeito ativo dos crimes tipificados nos artigos 312 e seguintes do Código Penal. Caso haja a prática de infração penal por magistrado, a Lei Orgânica da Magistratura estabelece uma série de prerrogativas, em razão do cargo, que devem ser observadas pelas demais autoridades (artigo 33), bem como a Constituição Federal estabelece o foro por prerrogativa de função (artigos 102, 105 e 109).

Diante de todas essas prerrogativas, busca-se assegurar ao Poder Judiciário a plena e eficiente prestação jurisdicional, sem ingerência de outros Poderes, bem como de influências políticas.

 

Elaborar Resposta

Veja as respostas já elaboradas para este enunciado

Elabore a sua resposta agora e aumente as chances de aprovação!


Faça seu login ou cadastre-se no site para começar a sua resposta.


É gratuito!


1 Comentário


  • 26 de Fevereiro de 2018 às 14:52 Marco Aurélio Kamachi disse: 0

    Dissertação concisa, porém abrangente. Dificilmente deixou lacunas. Abordou com precisão os pontos do tema proposto, perpassando pela legislação inerente. Ótimo trabalho.

Pessoas que mais responderam

01º Jack Bauer
422 respostas
02º MAF
358 respostas
03º Aline Fleury Barreto
224 respostas
04º Sniper
188 respostas
05º Carolina
155 respostas
06º SANCHITOS
127 respostas
07º rsoares
119 respostas
08º amafi
105 respostas
09º Ailton Weller
100 respostas
10º Guilherme
95 respostas
11º Gabriel Henrique
89 respostas
12º Ulisses de Lima Alvim
84 respostas

Ranking Geral

01º Jack Bauer
3374 pts
02º MAF
3086 pts
04º Aline Fleury Barreto
1931 pts
05º SANCHITOS
1403 pts
06º Sniper
1335 pts
07º Carolina
1176 pts
08º Guilherme
1079 pts
09º amafi
998 pts
10º rsoares
920 pts
11º Natalia S H
888 pts
12º Ailton Weller
792 pts
Faça sua busca detalhadamente

QUESTÃO

PEÇA

SENTENÇA

Mostrar Apenas: