É viável estudar para mais de um concurso ao mesmo tempo?

18/09/2017 - 13h11

Antes de qualquer coisa, coloque isso na sua cabeça: planejar o estudo é essencial para você ser aprovado no concurso! Aliás, planejamento é essencial para quase tudo na vida. Por isso, a minha recomendação é que você trace uma estratégia para se preparar corretamente para as provas.

O primeiro ponto é definir qual é o seu concurso desejado. Estudar sem um objetivo claro não é algo recomendável, pois você não terá metas a perseguir. Por isso, mesmo que seu concurso não tenha edital publicado, mesmo que você nem saiba quando será publicado o edital, escolha o certame desejado e estude com base no último edital dele. Quer ser juiz federal? De qual tribunal? Pois pegue o edital da última seleção e monte seu cronograma de estudos com base nele. Quer ser analista da Justiça do Trabalho? Faça o mesmo.

Muita gente me pergunta se estudar para mais de um concurso é ruim. A minha resposta é sempre idêntica: não, desde que você não perca o foco. Eu mesmo fiz mais de um concurso quando estava me preparando. Logo no início dos meus estudos para juiz federal do TRF da 1ª Região, a meta da minha vida profissional, abriram-se as inscrições para o 52º Concurso para Juiz de Direito do Tribunal de Justiça de Goiás. Eu ainda nem tinha previsão do TRF da 1ª Região e, por isso, o meu raciocínio foi bem simples: eu vou me inscrever para ter um ânimo a mais para estudar e, se for avançando no concurso, eu vejo como faço. E foi o que aconteceu. Eu me inscrevi no certame goiano e isso realmente me ajudou a manter o pique de estudos, mas não me desviei do foco que tinha, que era o TRF da 1ª Região. Tudo o que eu fazia continuava sendo voltado para o concurso federal, para aquele tribunal específico.

A ideia é mais ou menos daquele time que está disputando três campeonatos ao mesmo tempo, mas mantém o foco no mais importante deles. Se é a Libertadores, até continua jogando a Copa do Brasil normalmente, mas, caindo dois jogos na mesma semana, manda o time reserva para a Copa do Brasil e poupa o principal para o jogo da Libertadores. Essa é uma boa estratégia, pois é difícil e pouco produtivo dar o máximo de si em três ou quatro frentes diferentes. Ou você se concentra em uma delas, ou não vai ser forte em nenhuma.

Claro, há exceções. Quanto mais eu fui avançando no concurso goiano, mais eu passei a dedicar esforços para tal desafio. Voltando à comparação com o futebol, é claro que você vai dar mais atenção à Libertadores, mas se você já está na semifinal da Copa do Brasil, não é mais momento de mandar a campo o seu time reserva. Eu não entrei no estádio desinteressado ou desmotivado quando cheguei à prova oral do Tribunal de Justiça de Goiás. Era meu sonho? Não. Mas, ninguém quer jogar fora uma vaga de juiz de direito, não é mesmo?

Enfim, acho que já ficou claro o que eu quero dizer. É essencial que você mantenha um foco em um certame específico e estruture os seus estudos com base no edital daquele concurso. Se quiser, faça outros concursos enquanto isso, mas sem perder o foco. Apenas desvie a sua atenção e a sua energia se você estiver avançando nesse outro concurso. Aí, vale a pena. De toda forma, cuidado para não se inscrever em dezenas de certames ao mesmo tempo, pois o simples fato de você viajar para fazer provas com constância pode minar a sua força na luta pelo seu objetivo maior. Quer fazer mais de um concurso? Faça, mas não exagere. Além disso, procure concursos que sejam relativamente parecidos com o seu, como eu fiz na época. Eu disse a mim mesmo que não iria prestar só o TRF da 1ª Região, mas também que não prestaria nada fora da magistratura federal ou estadual. Assim, eu ampliaria as minhas chances, mas sem tentar abraçar o mundo, o que nunca dá certo.

E aí, qual é o seu objetivo de concurso?

Alexandre Henry

Professor e Juiz Federal




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