Questão
OAB - 13º Exame de Ordem Unificado - 2014
Org.: OAB - Ordem dos Advogados do Brasil
Disciplina: Direito Penal
Questão N°: 018

clique aqui e responda esta questão
Enunciado Nº 001694

Antônio, auxiliar de serviços gerais de uma multinacional, nos dias de limpeza, passa a observar uma escultura colocada na mesa de seu chefe. Com o tempo, o desejo de ter aquele objeto fica incontrolável, razão pela qual ele decide subtraí-lo.


Como Antônio não tem acesso livre à sala onde a escultura fica exposta, utiliza-se de uma chave adaptável a qualquer fechadura, adquirida por meio de um amigo chaveiro, que nada sabia sobre suas intenções. Com ela, Antônio ingressa na sala do chefe, após o expediente de trabalho, e subtrai a escultura pretendida, colocando-a em sua bolsa.


Após subtrair o objeto e sair do edifício onde fica localizada a empresa, Antônio caminha tranquilamente cerca de 400 metros. Apenas nesse momento é que os seguranças da portaria suspeitam do ocorrido. Eles acham estranha a saída de Antônio do local após o expediente (já que não era comum a realização de horas extras), razão pela qual acionam policiais militares que estavam próximos do local, apontando Antônio como suspeito. Os policiais conseguem alcançá-lo e decidem revistá-lo, encontrando a escultura da sala do chefe na sua bolsa. Preso em flagrante, Antônio é conduzido até a Delegacia de Polícia.


Antônio, então, é denunciado e regularmente processado. Ocorre que, durante a instrução processual, verifica-se que a escultura subtraída, apesar de bela, foi construída com material barato, avaliada em R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais), sendo, portanto, de pequeno valor. A FAC (folha de antecedentes criminais) aponta que Antônio é réu primário.


Ao final da instrução, em que foram respeitadas todas as exigências legais, o juiz, em decisão fundamentada, condena Antônio a 2 (dois) anos de reclusão pela prática do crime de furto qualificado pela utilização de chave falsa, consumado, com base no artigo 155, § 4º, III, do CP.


Nesse sentido, levando em conta apenas os dados contidos no enunciado, responda aos itens a seguir.


A) É correto afirmar que o crime de furto praticado por Antônio atingiu a consumação? Justifique.


B) Considerando que Antônio não preenche os requisitos elencados pelo STF e STJ para aplicação do princípio da insignificância, qual seria a principal tese defensiva a ser utilizada em sede de apelação? Justifique.


Resposta Nº 005705 por Chuck Norris Media: 8.00 de 1 Avaliação


a) O crime de furto praticado por Antonio foi consumado. O entendimento do STF quanto a consumação do furto é de que a posse tranqüila da “res furtiva” é dispensável, adotando a teoria da amotio ou aprehensio para a consumação do fruto.

b)Pleitear o reconhecimento do furto privilegiado, nos termos do §2ºs do Art.  155 do CP, o qual dispõe que poderá ser reconhecida a figura privilegiada caso o agente seja primário e a coisa furtada seja de pequeno valor. O entendimento dos tribunais superiores é de que o objeto furtado não poder ter valor superior ao do salário mínimo vigente na época do fato. É também entendimento dos tribunais superiores que a qualificadora do crime de furto, desde que de natureza objetiva, pode coexistir com a figura do furto privilegiado, gerando o furto híbrido, podendo o juiz, nessa situação, substituir a pena de reclusão pela a de detenção, diminuir a pena de um a dois terços ou aplicar somente a pena de multa.

Elaborar Resposta

Veja as respostas já elaboradas para este enunciado

Elabore a sua resposta agora e aumente as chances de aprovação!


Faça seu login ou cadastre-se no site para começar a sua resposta.


É gratuito!


1 Comentário


  • 22 de Agosto de 2019 às 22:49 Parquet por vocação disse: 0

    Parabéns, colega! A resposta guarda pertinência com o gabarito da banca:
    "A questão trata do crime de furto e busca extrair do examinando conhecimento específico sobre dois pontos
    importantes acerca do tema: o momento consumativo do delito e a incidência do privilégio. A primeira indagação
    tem cunho eminentemente teórico, enquanto a segunda é de caráter prático, pois exige que o examinando saiba
    interpretar informações dadas no enunciado e, a partir delas, identificar a incidência do privilégio, o que será
    capaz de reduzir significativamente a resposta penal a ser dada ao personagem da questão. Nesse sentido, para
    fazer jus aos pontos relativos ao item “A” o examinando deve responder afirmativamente, indicando que o furto
    atingiu a consumação. Com efeito, diversas teorias existem sobre o momento consumativo do crime de furto,
    sendo certo que a predominante, tanto na doutrina quanto na jurisprudência dos Tribunais Superiores, é a Teoria
    da Amotio, segundo a qual a consumação ocorre quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo
    que num curto espaço de tempo – tal como ocorreu no caso narrado -, independentemente de deslocamento ou
    posse mansa e pacífica da coisa. Também merece destaque, embora não seja o entendimento majoritário,
    reflexão sobre o momento consumativo do crime de furto narrado no enunciado com a adoção da Teoria da
    Ablatio. Perceba-se que ainda assim a resposta seria a mesma: o furto foi consumado. Isso porque, para aqueles
    que adotam a Teoria da Ablatio, o furto consuma-se quando o agente, depois de apoderar-se da coisa, consegue
    deslocá-la de um lugar para o outro – fato que, da mesma forma, foi narrado no enunciado. Cabe ressaltar que a
    Banca Examinadora, com o intuito de privilegiar a demonstração de conhecimento jurídico, aceitará como
    justificativa correta ambas as fundamentações acima expostas, sem perder de vista que os Tribunais Superiores
    adotam a Teoria da Amotio. Pelo mesmo motivo, entretanto, não será pontuada a resposta que traga apenas a
    afirmativa “sim”, desprovida de qualquer justificativa ou mesmo com justificativa equivocada.
    No tocante ao item “B”, para que receba a pontuação respectiva, o examinando deve indicar que de acordo com
    a questão, desconsiderando a argumentação no sentido de aplicação do princípio da insignificância (que pelo
    próprio enunciado afigura-se como inaplicável), a principal tese defensiva deve ser o reconhecimento do furto
    qualificado e privilegiado (artigo 155, § 2º, c/c artigo 155, § 4º, III, ambos do CP). Isso porque a qualificadora da
    utilização de chave falsa possui natureza objetiva, sendo compatível com o furto privilegiado, que é de ordem
    subjetiva." Fonte: https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2014-oab-exame-de-ordem-unificado-xiii-segunda-fase-direito-penal

Pessoas que mais responderam

01º Jack Bauer
422 respostas
02º MAF
358 respostas
03º Aline Fleury Barreto
224 respostas
04º Sniper
188 respostas
05º Carolina
155 respostas
06º SANCHITOS
127 respostas
07º rsoares
119 respostas
08º amafi
105 respostas
09º Ailton Weller
100 respostas
10º Guilherme
95 respostas
11º Gabriel Henrique
89 respostas
12º Ulisses de Lima Alvim
84 respostas

Ranking Geral

01º Jack Bauer
3374 pts
02º MAF
3086 pts
04º Aline Fleury Barreto
1931 pts
05º SANCHITOS
1403 pts
06º Sniper
1335 pts
07º Carolina
1176 pts
08º Guilherme
1079 pts
09º amafi
998 pts
10º rsoares
920 pts
11º Natalia S H
888 pts
12º Ailton Weller
792 pts
Faça sua busca detalhadamente

QUESTÃO

PEÇA

SENTENÇA

Mostrar Apenas: