Questão
OAB - 14º Exame de Ordem Unificado - 2014
Org.: OAB - Ordem dos Advogados do Brasil
Disciplina: Direito Processual Penal
Questão N°: 001

clique aqui e responda esta questão
Enunciado Nº 000037

Gustavo está sendo regularmente processado, perante o Tribunal do Júri da Comarca de Niterói-RJ, pela prática do crime de homicídio simples, conexo ao delito de sequestro e cárcere privado. Os jurados consideraram-no inocente em relação ao delito de homicídio, mas culpado em relação ao delito de sequestro e cárcere privado. O juiz presidente, então, proferiu a respectiva sentença. Irresignado, o Ministério Público interpôs apelação, sustentando que a decisão dos jurados fora manifestamente contrária à prova dos autos. A defesa, de igual modo, apelou, objetivando também a absolvição em relação ao delito de sequestro e cárcere privado.


O Tribunal de Justiça, no julgamento, negou provimento aos apelos, mas determinou a anulação do processo (desde o ato viciado, inclusive) com base no Art. 564, III, i, do CPP, porque restou verificado que, para a constituição do Júri, somente estavam presentes 14 jurados.


Nesse sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, responda justificadamente às questões a seguir.


A) A nulidade apresentada pelo Tribunal é absoluta ou relativa? Dê o respectivo fundamento legal.


B) A decisão do Tribunal de Justiça está correta?



Utilize os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

Resposta Nº 001218 por amafi


Trata-se de nulidade absoluta, de interesse público, que pode ser promovida em qualquer fase processual, independente de provocação, devendo sobreviver os atos decisórios e de instrução, conforme art. 567 do CPP, que independe da atuação das partes para se aperfeiçoar, Havendo  a incidência da Súmula 160 e 713 STF, na espécie.

Há que se invocar a proibição de reformatio in pejus  do art. 617 do CPP e STF 565, haja vista realmente nas razões recursais da acusação não haver o nobre representante do MP, pedir a referida anulação pelo motivo da ausência dos 15 jurados. Realmente as razões de recurso exclusivo da defesa estabelece o limite do efeito devolutivo da apelação, e o tribunal ad quem fica adstrito e este, sob pena de ofensa a princípio da inércia da jurisdição e do princípio acusatório. Há nesta sede restrições para as chamadas nulidades absolutas. Impossível o reconhecimento de eventuais nulidades absolutas a favor do réu, podendo ser aventadas em sede de Revisão Criminal, entretanto não cabem nesta sede revisional quando depõe contra o réu. Mesmo se tratando de matéria pública, no caso, o Estado, ao encerra o processo, exauriu de forma peremptória seu direito de punir em relação a matéria penal.

Finalmente, o TJ não agiu com correção sujeitando o réu a novo julgamento, deveria o representante do MP propor a referida impugnação em plenário, fazendo-a registrar em ata,  momento previsto do art. 571, VIII do CPP, sofrendo da preclusão do Art. 572, I, devendo ser atacada, se o réu soltou, por agravo regimental do art. 25 da Lei 80.389_90, ou Mandado de segurança, o que preferimos, contra ato decisão monocrática do tribunal que ordenou novo julgamento. Há também, pelas idênticas razões justa causa para o Habeas Corpus, se o réu estiver preso.

 

Correção Nº 000863 por Daniela Nadia Wasilewski Rodrigues


Sua resposta ficou correta e atendeu a todos os itens que a banca pedia, inclusive aprofundando sobre o tema. Conforme a colega Nayara mencionou, só faltou organizar um pouco melhor a resposta, mas creio que se houvesse desconto de pontuação, não seria muito grande.

Padrão de Resposta / Espelho de Correção

A questão objetiva extrair do examinando conhecimento acerca da teoria geral das nulidades no Processo Penal.

Nesse sentido, para garantir os pontos relativos à questão, o examinando deve, na alternativa "A", indicar que a hipótese é de nulidade absoluta, nos termos do artigo 564, III, alínea "i" c/c 572, ambos do CPP. Em relação à alternativa "B", o examinando deve lastrear sua resposta no sentido de que não foi correta a atitude do Tribunal de Justiça. Isso porque, de acordo com o Verbete 160 da Súmula do STF, o Tribunal de Justiça não pode acolher, contra o réu, nulidade não aventada pela acusação em seu recurso. Assim agir significaria desrespeito ao princípio da veda a reformatio in pejus indireta.

O enunciado da questão foi claro ao informar que o recurso do Ministério Público não alegou nenhuma nulidade.

Destarte, levando em conta que o réu foi absolvido em relação ao delito de homicídio, o reconhecimento de nulidade implicar-lhe-á em prejuízo.

Comentários à correção feita por Daniela Nadia Wasilewski Rodrigues

Recentes

0

Elaborar Correção

Veja as respostas já elaboradas para este enunciado

Elabore a sua Correção agora e aumente as chances de aprovação!


Faça seu login ou cadastre-se no site para começar a sua correção.


É gratuito!

Pessoas que mais responderam

01º Jack Bauer
422 respostas
02º MAF
358 respostas
03º Aline Fleury Barreto
224 respostas
04º Sniper
188 respostas
05º Carolina
155 respostas
06º SANCHITOS
127 respostas
07º rsoares
119 respostas
08º amafi
105 respostas
09º Ailton Weller
100 respostas
10º Guilherme
95 respostas
11º Gabriel Henrique
89 respostas
12º Ulisses de Lima Alvim
84 respostas

Ranking Geral

01º Jack Bauer
3374 pts
02º MAF
3086 pts
04º Aline Fleury Barreto
1931 pts
05º SANCHITOS
1403 pts
06º Sniper
1335 pts
07º Carolina
1176 pts
08º Guilherme
1079 pts
09º amafi
998 pts
10º rsoares
920 pts
11º Natalia S H
888 pts
12º Ailton Weller
792 pts
Faça sua busca detalhadamente

QUESTÃO

PEÇA

SENTENÇA

Mostrar Apenas: